terça-feira, 22 de julho de 2008

Mercy, Dercy!

Lembro do recente centenário de Dercy Gonçalves da mesma forma que lembro do milésimo gol do Pelé e do Romário, para deixar uma analogia crassa, das que gosto de fazer. Hoje, especialmente, vou falar sobre Dolores Costa Gonçalves, a Dercy, que encantou gerações inteiras em seus filmes - acreditem, ela era uma mulher atraente - mas que a mim, e a muitos de minha geração, trazem recordações daquele antigo jogo da velha do Faustão, com pessoas famosas. Quem se lembrar toma café com a Xuxa:

Era uma atriz que não simplesmente falava palavrões, ela também xingava (ps.: alguém assistiu ao CQC ontem?)! Brincadeiras à parte, aparentava ser cheia de vida como poucas pessoas são. E em seus últimos anos de vida vinha participando de diversos programas e shows, para marcar sua história que vai além de uma atriz consagrada: Aos 101 anos, Dercy Gonçalves era a atriz mais velha em atividade.

Buscando um pouco sobre a vida de Dercy, conhecemos a história da dramaturgia brasileira, além de nos depararmos com a diferença brutal entre os tempos hoje e o século XX. Ela foi perseguida, chamada de prostituta, entretanto, sempre afirmou e bateu o pé dizendo que, em sua vida, jamais se arrependeu, ou se queixou do que fez. Em frase dela: "Meu século foi muito digno. As famílias eram famílias, a polícia era polícia. Hoje, não tem mais nada."

Para fechar, segue este samba-enredo da Viradouro, em homenagem à atriz.

Bravíssimo – Dercy Gonçalves, O retrato de um povo
Ah! Obrigado Dercy,
Mercy, Dercy !
Abriu-se as cortinas pro seu show
São cinco letras a sorrir
De Madalena pra Sapucaí
Um dia
Lá no trem da esperança
Vai o sonho de criança
Descendo a serra
Tão lindo e feliz
A luz então brilhou
O palco se acendeu
O show vai começar
Na Casa de Caboclo
A menina deslumbrou (ôô, ôô)
E no seu primeiro ato
O sucesso abriu os braços pra você

Brilhante no teatro de revista
Em cena o talento de Dercy
Da comédia à piada
Com humor e gargalhada
Eu vou me acabar (quá, quá, quá,quá, quá)
No cassino e no cinema
No sangue o dom de criar
E viajou
Lá foi Dolores
Que dor no coração
Mas quem pensou que a luz se apagou
Se enganou, ela voltou
Ela voltou com mais garra e inspiração
Cada vez mais sapeca, quem diria
Soltando a perereca da vizinha
Vou entrar no circo e com você sonhar
No fim da peça pra você gritar
Um bravo.....

Bravo, bravíssimo !
Mil aplausos pra você Dercy
Ao retrato de um povo
A homenagem da Viradouro.

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