quarta-feira, 23 de julho de 2008

Paranoid Park - Paranoid Park (2007)

É um tipo de KIDS para quem ouve Björk e Nick Cave e gosta de viajar com cenas em câmera lenta, e vê tudo isso como "mó brisa, tá ligado". Alex é um skatista de 16 anos, com uma namorada, amigos e uma vida comum. Narrando sua própria história, como em uma carta de desabafo, o garoto conta sobre sua vida, sua namorada e o sentimento de culpa que carrega pelo seu envolvimento com um crime próximo à pista de skate que andava. É um filme bastante depressivo, sobre como esquecer uma dessas coisas que você jamais queria ter feito na vida. Uma fotografia excelente, talvez a melhor recomendação que posso dar sobre esse filme. Dizem que o diretor Gus Van Sant tem essa pegada sobre visões fotográficas e reflexivas. Dele, me lembro apenas de Procurando Forrester, de 2000, sucesso absoluto no Intercine. Paranoid Park é um filme com poucas falas e muito abstracionismo. Tive de assistir umas oito vezes até entender o que estava querendo me dizer. Portanto prepare-se para uma hora e meia de leseira absoluta no sofá da sala. Ah, a trilha sonora é excelente com Eliot Smith, Beethoven e vários ambient music bacanas. Na minha vaga opinião, o que faltou mesmo foi contexto, encenações mais forte dos personagens, falas contundentes, mesmo se tratando de adolescentes. Tá certo que muitas vezes dá pra sentir a dor do moleque só de olhar a cara de tacho dele. Pensa muito e fala pouco. Paranoid Park é um filme sobre amadurecimento e depressão. É Culteen, pronto, criei outro movimento.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Mercy, Dercy!

Lembro do recente centenário de Dercy Gonçalves da mesma forma que lembro do milésimo gol do Pelé e do Romário, para deixar uma analogia crassa, das que gosto de fazer. Hoje, especialmente, vou falar sobre Dolores Costa Gonçalves, a Dercy, que encantou gerações inteiras em seus filmes - acreditem, ela era uma mulher atraente - mas que a mim, e a muitos de minha geração, trazem recordações daquele antigo jogo da velha do Faustão, com pessoas famosas. Quem se lembrar toma café com a Xuxa:

Era uma atriz que não simplesmente falava palavrões, ela também xingava (ps.: alguém assistiu ao CQC ontem?)! Brincadeiras à parte, aparentava ser cheia de vida como poucas pessoas são. E em seus últimos anos de vida vinha participando de diversos programas e shows, para marcar sua história que vai além de uma atriz consagrada: Aos 101 anos, Dercy Gonçalves era a atriz mais velha em atividade.

Buscando um pouco sobre a vida de Dercy, conhecemos a história da dramaturgia brasileira, além de nos depararmos com a diferença brutal entre os tempos hoje e o século XX. Ela foi perseguida, chamada de prostituta, entretanto, sempre afirmou e bateu o pé dizendo que, em sua vida, jamais se arrependeu, ou se queixou do que fez. Em frase dela: "Meu século foi muito digno. As famílias eram famílias, a polícia era polícia. Hoje, não tem mais nada."

Para fechar, segue este samba-enredo da Viradouro, em homenagem à atriz.

Bravíssimo – Dercy Gonçalves, O retrato de um povo
Ah! Obrigado Dercy,
Mercy, Dercy !
Abriu-se as cortinas pro seu show
São cinco letras a sorrir
De Madalena pra Sapucaí
Um dia
Lá no trem da esperança
Vai o sonho de criança
Descendo a serra
Tão lindo e feliz
A luz então brilhou
O palco se acendeu
O show vai começar
Na Casa de Caboclo
A menina deslumbrou (ôô, ôô)
E no seu primeiro ato
O sucesso abriu os braços pra você

Brilhante no teatro de revista
Em cena o talento de Dercy
Da comédia à piada
Com humor e gargalhada
Eu vou me acabar (quá, quá, quá,quá, quá)
No cassino e no cinema
No sangue o dom de criar
E viajou
Lá foi Dolores
Que dor no coração
Mas quem pensou que a luz se apagou
Se enganou, ela voltou
Ela voltou com mais garra e inspiração
Cada vez mais sapeca, quem diria
Soltando a perereca da vizinha
Vou entrar no circo e com você sonhar
No fim da peça pra você gritar
Um bravo.....

Bravo, bravíssimo !
Mil aplausos pra você Dercy
Ao retrato de um povo
A homenagem da Viradouro.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Onde os fracos não têm vez - No Country for Old Men (2007)

Direto para a seção dos 'mabasta' (mó bosta, em português paulistano). O filme não tem sentido algum, além de pensamentos esparsos, ações ininteligíveis por parte dos personagens e uma ou outra morte ou perseguição bacana. É tudo obra dos irmãos Coen. Irmãos Quem? Não, irmãos Coen (Fargo/Paris, te Amo). Um caçador encontra uma maleta cheia de dinheiro junto a um traficante morto no deserto. Um serial killer maluco e psicótico é enviado para buscar a grana de volta. Parece sim uma história legal. Parece. O filme se passa no interior norte-americano, tem algumas anedotas gringas que só seus amigos metidos a bilíngues vão fingir entender pra fazer você pensar que eles já moraram em Dallas, foram cowboys e comiam bacon no café da manhã. Pela capa e descrição que encontramos nos sites sobre cinema, parece um western fodão, desses de cair o queixo, mas na verdade não chega nem perto. No elenco Javier Bardem, Tommy Lee Jones e Woody Harrelson. Vencedor de 4 Oscars, mas o único realmente honesto foi o de ator coadjuvante para Javier Barden, o serial killer imortal da trama. Agora, premiação de melhor filme, melhor diretor e melhor roteiro adaptado é sacanagem. Ganhar uma estatueta está mais fácil do que ganhar panfleto de "Compro Ouro" no centro da cidade. É outra produção dessa escola de cinema com filmes sem final. Não quero dizer "sem final feliz", sem final nenhum mesmo. Me bateu uma puta saudade do Tombstone.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Os Simpsons (O Filme) - Simpsons Movie (2007)

Não tenho muito o que dizer sobre este 2D. O desenho não tem o glamour tecnológico das últimas animações fotorrealistas "modinha" da Disney/Pixar e ainda assim conseguiu ser um dos mais esperados de todos os tempos. E, melacuecagens a parte, Simpsons é Simpsons e ponto final. Por isso vou poupar vocês, caros três leitores, de comentários pessoais do tipo “Uhuuul, animal” ou palavrões repetitivos como “putaqueupariu, é foda!”. O legal de desenhos como esste no cinema é por serem tudo o que um fã precisa: Um capítulo enorme, numa tela gigante. E a família Simpsons não deixou a desejar. OK, na versão dublada o Homer não tem a mesma voz das outras temporadas da Fox, mas o dublador até que engana e você acaba se acostumando. A cidade de Springfiled está uma calamidade total por conta da poluição do rio e pelas trapalhadas de Homer. Não ia contar mais para não estragar. Entretanto - e sempre existe um ‘entretanto’ - após uma busca na rede, descobri que a Wikipédia tá dando uma de Estraga-Filmes contando praticamente o roteiro todo em quatro parágrafos, portanto, vamos adiantar algumas coisas, como o Green Day tocando sobre um barco parodiando o Titanic e o sensacional porco-aranha, que provavelmente já havia virado hype por conta do trailer. E para concluir: Se a lindinha da Maggie quer uma parte II, que tipo de mortais somos nós para negar?

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Meu Nome Não é Johnny (2008)

Selton Mello, pra mim, é mais ou menos como um novato Nicolas Cage do cinema brasileiro. Admiro muito suas participações, de verdade. Além disso, no elenco temos Júlia Lemmertz, Cássia Kiss, André di Biasi, Cleo Pires, Eva Todor, só a nata da TV Globinho. Meu Nome Não é Johnny é biográfico, sobre a vida de João Guilherme Estrella, playboy carioca que se tornou um dos maiores traficantes da cidade nos anos 80. Aí você lê o post de baixo e me diz "orra, um American Gangster nacional?" Então eu dou risada da sua cara um pouco e respondo: "passou nem perto". O que acontece para uma produção como esta ter atores tão bacanas e acabar sendo tão ridiculamente ruim? Bom, o roteiro não tem muita concordância, os personagens são todos muito vagos - incluindo o principal - e o desenrolar da história é ostensivamente mal contado. Não quero te desapontar amig@, mas isto não é Hollywood, nem o festival de Cannes. É apenas o neo-cinema brasileiro metidabesta e cheio de pose! O filme inteiro é sobre cocaína e dinheiro sujo. Posso contar também que na cadeia encontramos os presos e os policiais mais bonzinhos desde Carandiru. E a trilha sonora, que deveria salvar, é tranquila de dar raiva, mesmo nas partes mais aceleradas da trama. Sim, sou suspeito pra falar mal de cinema brasileiro, mas este filme é "mabasta!". Entretanto, não podemos dizer que a história de João Estrella não seja das melhores, portanto, talvez o livro tenha alguma chance. Ainda não cheguei a ler, e você?

Sobre filmes brasileiros


Antes de começar a escrever sobre filmes brasileiros, vou deixar bem claro:
  • Não gosto 100% de nenhum deles;
  • Acho ridículo sobre como todos eles têm qualidade igual ou pior aos seriados da Rede Globo;
  • Prefiro assistir um jogo da seleção brasileira de futebol (!!) do que passar uma hora e meia com estes diretores tidos como "monstros consagrados" do cinema nacional;
  • Apesar disso tudo queria muito ver um filme brasileiro ótimo. (Indique!)

Zona do Crime - La Zona (2007)

Zona do Crime é um filme mexicano de Rodrigo Plá sobre desigualdade social. Mas isso você percebe só de ver a capa. Roteiro bastante simples, provocador, inteligente e triste. Não encontrei uma maneira melhor de descrever. Três ladrõezinhos de varal se aproveitam de um acidente e invadem um condomínio de luxo, vigiado por uma segurança privada e, ao mesmo tempo, cercado de favelas e pobreza. Ao assaltarem uma das casas, são baleados, apenas Miguel sobrevive. Entretanto, o garoto não consegue atravessar de volta a cerca sem ser visto e está preso dentro do condomínio. O filme mostra o mundo "tranquilo" criado pelo dinheiro de poucos em meio à exclusão de muitos. Cenas assustadoras que provam a brutal realidade em que vivemos. E, pelo menos desta vez, estou falando sério. É um filme sem lugar para o bem, em que a classe privilegiada manda em tudo. Absurdo o que o dinheiro pode fazer para evitar a miséria. Boas falas e ótimas frases de efeito marxistas. Mas digo desde já: da metade pra frente a história torna-se tão revoltante e maquiavélica a ponto de chegar no final do filme e te fazer refletir por horas sobre a merda do mundo decadente e podre em que vivemos. E, acredite, não estou sendo dramático. A única queixa que tenho sobre este filme é que ele devia ter um final mais brilhante com alguma mensagem forte. Ainda assim, vale a pena. Comentário final fica por conta de Laura Santullo, esposa de Plá e roteirista do filme, em entrevista ao site Diversão Certa: "Nós achamos que o cinema pode ser uma experiência completa. Por isso, seja quem for que assista Zona do Crime, gostaríamos sobretudo que não permaneça indiferente".

terça-feira, 15 de julho de 2008

O Gângster - American Gangster (2007)

Baseado na história real de Frank Lucas, um dos maiores gangsters norte-americanos. Com um elenco realmente de peso, Denzel Washington, Russel Crowe, até o Cuba Cooding Jr. entram em cena neste filme que escapa do convencional e mostra um personagem principal que toca o terror sem meias palavras, como dizem por aí. Desde a primeira cena já podemos ter uma idéia do que vem pela frente. Década de 70. Frank Lucas (Washington) trabalhava para Bumpy, um gangster dono do Harlem, famoso bairro de Nova York. Com a morte de Bumpy, começa uma tremenda corrida do crime para tomar conta do pedaço. Frank entra em contato com seu primo que está no Vietnã e consegue trazer heroína pura escondida em aviões do exército através de suborno. Procurado por um grupo especial da polícia comandado por Ritchie Roberts (Crowe), um detetive honesto, diferente de praticamente todos os outros policiais envolvidos em subornos, chantagens e extorsões. Uma história poligonal. De um lado um traficante negro que se deu bem seguindo os passos de seu mentor, de outro sua família de bons princípios arraigados, agora envolvida em seu "negócio". Em outro ponto, um detetive com uma vida complicada que leva a sério o título de homem da lei. De outro ainda, a corrupção policial na corporação norte-americana entre as décadas de 70 e 80, que chegava a se envolver efetivamente com o tráfico de drogas em diversas regiões do país. E em um último ponto, talvez o que mais chama a atenção por não chamar a atenção (sic!) é a máfia italiana, quietinha, quase como figurante silenciosa do roteiro. Cenas fortes do começo ao fim. A alfinetada fica apenas por conta da participação do RZA, que aparece com a tatuagem de seu grupo de rap, o Wu-Tang Clan, em pleno final dos anos 70, pelo menos uma década antes do grupo nascer.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Os Condenados - The Condemned (2007)

Da escola intuitivista que originou a série LOST. Óbvio que esta escola cinematográfica não existe, mas convenhamos, tem muito filme por aí que de ver a capa a gente já sabe o final. Sem mais dramaticidade de minha parte, neste longa um produtor de TV insano resolve criar um reality show em uma ilha deserta com condenados à pena de morte. Quem sobreviver, além de ganhar uma grana é absolvido do corredor da morte. Um deles é Jack Conrad, um ex-oficial preso injustamente em alguma prisão corrupta da América Central. O programa, transmitido via internet, desperta a atenção de milhares de espectadores, inclusive da mulher de Jack que trava uma batalha junto à polícia para recuperar seu marido. O mais famoso do elenco é Vinnie Jones (A Senha Swordfish/X-Men 2), um típico ator daqueles que apresentam programas de TV nos Simpsons dizendo "Oi, você deve se lembrar de mim dos vídeos Aprenda Esperanto em três lições e Fraldas, um guia prático", deu pra pegar? Como disse no início do texto é uma história realmente intuitiva e previsível. Entretanto, vale a pena por conta das cenas de ação realmente empolgantes. Filme de Domingo Maior pra cima.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Os Donos da Noite - We Own the Night (2007)

Não sei pra vocês, mas pra mim o Joaquin Phoenix será para sempre o Johnny Cash. Aliás, preciso resenhar Johnny e June, me lembrem disso. Em Os Donos da Noite, ele é um dono de boate, envolvido indiretamente com o crime organizado, que tenta esconder o fato de que ele vem uma família de policiais. Acredite, isso pode ferrar a sua vida se você trabalha todos os dias rodeado de traficantes latinos. Eva Mendes (Mais Velozes e mais Furiosos/Era uma Vez no México), a atual concorrente de Angelina Jolie no prêmio Contra Indicações A Atriz Yankee Mais Mexicana, faz o papel de sua namorada, reprovada pela família do rapaz. Um roteiro fechadinho, bem norte-americano mesmo, inclusive previsível até certo ponto. Uma história sobre honra e família, bacana para estremecer os pêlos do braço. O filme inteiro tem umas duas cenas ação alucinantes, chutando alto. O resto da trama é feita de enrolação barata, típica de blockbuster enche-linguiça. Bons atores, poucas conversas e a história se desenrolando. Um tipo de O Outro Lado do Poderoso Chefão, bem fraquinho. Ele fica na prateleira de Policiais Chatos, sem dúvida bem do lado de Duro de Matar 4.0, ops, outro pra resenhar, me lembrem.